Eleições 2022 e as candidaturas Pretas

 

Eleições 2022 e as candidaturas Pretas

Imagem / Reprodução Acervo Ipeafro (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros)


Por Paulo Mileno


O Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) registrou 28.460 candidaturas, sendo 49,57% de candidatos Pretos  e 48,86% de candidatos brancos. Nunca houve um maior número de candidaturas pretas em relação às candidaturas brancas, embora a comunidade preta represente 56% da população brasileira, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, apenas duas delas são para Presidente da República, Léo Péricles (UP) e Vera Lúcia (PSTU), que foram  excluídas das intenções de voto. 

Entre 32 partidos políticos, 21 apresentam candidaturas negras e é na ala esquerda a mais forte expressão com 60,07% no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), 60% na União Popular (UP) e 58,07% no Partido Comunista do Brasil (PCdoB). O Partido dos Trabalhadores (PT), o maior partido de esquerda da América Latina, ocupa o vigésimo lugar no ranking da morada das candidaturas pretas.

 

“O simbolismo dessa conquista é gigante. A primeira constituição brasileira data de 1824 e proibia negros, indígenas, os pobres e mulheres de votar. Esse é o maior  número de candidaturas  negras na história do período democrático de direito. Muitos avanços no sistema eleitoral foram devidos à força do movimento negro no país e brancos comprometidos com essa boa luta”.   (Paulo Paim, senador negro do PT)

Nesse sentido, para as eleições de 2022, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional 111 que regulamenta que, em cada voto para deputados federais, sejam seja pretos ou mulheres, cada um desses votos será  dobrado no cálculo de distribuição do fundo eleitoral. Finalmente, há a possibilidade de uma representação com a cara do Brasil Real rompendo com a tradição conservadora de eleger homens brancos ao poder. Porém, como os eleitores escolherão seus candidatos? Saiba mais sobre #voteempreto  


A hierarquia política está sendo disputada pela comunidade preta por 2 candidatos para a Presidência da República, 22 para o Senado, 26 para Governadores, 80 para Deputado Distrital, 1420 para Deputados Federais e 2300 para Deputados Estaduais, números recordes das candidaturas pretas. Se essa corporeidade preta fosse eleita, nós poderíamos esperar que os discursos decoloniais e antirracistas subissem de tom e tenham voz ativa dentro do parlamento.

 

“Nós precisamos ter o povo preto representado nos parlamentos, nas mais variadas instâncias. É fundamental para a elaboração e implementação de políticas públicas para todos. Eu cito como um exemplo os mais de 16 projetos raciais aprovados no Senado do qual, eu fui o autor ou relator, entre 2020 e 2022. Imagine se nós tivéssemos mais parlamentares negros na Câmara e no Senado. Nós avançaremos muito mais. Nós não vamos recuar. Vamos continuar avançando. Asé para o nosso país”  (Paulo Paim para a TV Senado)

 


Painel Bap


O Senador Paulo Paim (Partido dos Trabalhadores) representa o estado do Rio Grande do Sul, uma região fria, historicamente povoada por imigrantes e descendentes de europeus. Sua narrativa faz perfeito sentido porque a voz da comunidade preta não pode ser abafada na opinião pública. Da Esquerda para a Direita, algumas similaridades convergem, principalmente, na omissão do genocídio do povo preto. 

Por exemplo, no primeiro debate entre candidatos para a presidência da República promovida pela TV BAND, todos eram brancos e nenhum deles falou sobre esse assunto, mesmo na véspera do 29º aniversário da chacina de Vigário Geral, um caso que teve repercussão mundial, inclusive, “deu no New York Times” com o título 21 Shot. Dead in Rio Slum; Policemen Are Suspected, escrito Suspected escrito por James Brooke em 31 de  Agosto de 1993. 

Uma amiga me perguntou se não seria um erro das assessorias, se trata do senso comum devido ao inconsciente coletivo da supremacia branca, vidas Pretas não importam no Brasil. Todavia, com candidaturas pretas, nós poderemos ressignificar a história de uma civilização destruída a ferro e fogo sob ordem de um ponto de vista eurocêntrico e memória do colonialismo.


:: Efigenias ::

#VoteemPreto