Escrito por Luanna Teofillo, Fundadora e CEO do Painel Bap
Como começar uma empresa de tecnologia sem capital, sem sócios, sem dinheiro e apenas com muita vontade, conhecimento e a certeza de estar fazer algo importante para a sociedade?
Resposta: contemplando a ancestralidade e aplicando princípios africanistas na gestão de negócios.
Conheça os dois princípios que norteiam o nosso trabalho e saiba como aplicar dentro do seu negócio.
Ubuntu, nós somos porque vocês são
Uma pessoa é uma pessoa por causa das outras pessoas
Ubuntu é uma palavra de origem Bantu que pode ser definida como "eu sou porque somos". Ubuntu é o humanismo africano e fornece algumas diretrizes para o estilo de liderança e práticas de gestão e de construção de modelo de negócio.
Ubuntu aplicado aos negócios é objeto de estudo de economistas na Nigéria, Gana, África do Sul, e vem sendo aplicado e consolidando como um modelo de gestão paralelo ao capitalismo predatório, onde o desenvolvimento empresarial é baseado no impacto positivo na vida das pessoas e da comunidade como um todo.
Como aplicamos Ubuntu na nossa gestão.
O Painel Bap fortalece a voz da comunidade preta e periférica através de estudos de opinião e impacta na economia das pessoas, distribuindo recompensas em dinheiro, produtos e serviços de afroempreendedores. É o Ciclo de Prosperidade Bap onde todos são importantes e beneficiados pelo nosso trabalho: as pessoas que participam, a comunidade que tem um sistema de geração de riqueza, as empresas que nos contratam que escutam a voz de seus clientes e os afroempreendedores que tem um canal de venda de produtos e serviços.
Igba-Odibo, o sistema de aprendizes
“Onye aghana nwanne ya”
Não deixe ninguém para trás na sua jornada de sucesso ou ao longo da vida
O sistema de aprendizes igbo é um modelo onde o empreendedor ou empresa, contrata aprendizes e compartilham com eles todo o conhecimento necessário para realizar o trabalho por um determinado período. Em alguns casos, a empresa ou empreendedor oferecer uma quantia financeira para que o aprendiz possa começar o seu negócio e desenvolver o mercado.
O princípio é milenar dentro da cultura ndigbo, mas após a Guerra da Biafra, onde o povo igbo doo violentamente atacado e perderam tudo o que haviam construído antes da guerra civil, este sistema foi importante para reconstruir a economia comunitária e tornar este o povo igbo o mais bem sucedido economicamente na Nigéria atualmente e na diáspora nos Estados Unidos ser o grupo mais próspero financeiramente.
O sistema de aprendizado igbo já foi contemplado nas cadeiras de Harvard e outras grandes universidades, pois é baseado na crença do compartilhamento de conhecimento, na confiança e no desejo de que outras pessoas possam se desenvolver profissionalmente e que assim o mercado e a comunidade também ganhem.
Como aplicamos Igba-Odibo
Na nossa organização existem duas carreiras de entrada:
EA: Assistente executivo, onde uma pessoas começa sendo aprendiz e apoiando os executivos seniores em diversas atividades, aprendendo e lapidando seus interesses e habilidades
Trainee: pessoa que entra na empresa sem experiência no digital para trabalhar em uma área específica e ir se desenvolvendo e ganhando experiência.
Ter essa visão de receber pessoas sem experiência faz com que sejamos sempre comprometidos com a formação de talentos, compartilhamento de conhecimento, crença no talento das pessoas e uma visão clara de que uma empresa é mais do que apenas números e crescimento, mas é principalmente as pessoas. E aproveite e leia também sobre Aquilombamento, tecnologia ancestral preta
Sobre o Painel Bap
Esses dois princípios foram essenciais para a criação de uma empresa preta e periférica sem investimentos sem o apoio do Estado ou qualquer apoio do sistema, através de uma visão comunitária de desenvolvimento e criadora de oportunidades, E foi assim que chegamos ao nosso sexto ano. Nosso objetivo é a felicidade das pessoas.
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