Mamilos Masculinos

Repensando a paternidade preta

Pra que servem os mamilos masculinos? Por séculos, o ocidente vem tentando entender para que servem os mamilos se mamíferos do sexo masculino não amamentam? Um olhar ancestral nos ajuda a responder esta pergunta.


A tribo Baka é um grupo étnico que existe há milhares de anos e reside na floresta Dzanga-Sangha, atual República Centro Africana além de outras florestas no Camarões e Congo. Chamado de "Povo da Floresta”, bakas lutam para manter seu estilo de vida tradicional contra a violência da caça predatória e o desmatamento da floresta onde vivem e tiram seu sustento.

Entre os Bakas, Akas ou ainda Baykas, mulheres e homens têm papéis definidos na sociedade, mas que podem ser flexibilizados de acordo com as circunstâncias. As mulheres são as principais cuidadoras, mas a caça e o cuidado dos filhos é exercido por homens e mulheres igualmente.

Enquanto as mulheres estão caçando, cabe aos homens o cuidado dos filhos. E se um dia perguntados sobre a questão que dá título ao texto, os bakas responderão que os mamilos masculinos servem para acalmar e dar segurança aos bebês. Faz parte da cultura Baka que os homens ofereçam seus mamilos a seus filhos.

Pesquisadores observaram que os pais do povo Aka ficam em média 47% dos tempo com seus filhos e que é comum ver rodas de homens cada um com um filho nos braços e muitos deles sugando seus mamilos. Este hábito ancestral concedeu aos homens bakas o título de melhores pais do mundo.


Muito diferente das relações ocidentais entre pais (homens) e filhos, muitas vezes separada, terceirizada ou negada, os bakas consideram que a proximidade física é essencial para o desenvolvimento das crianças. Nos três primeiros meses de vida, um nenê baka está quase todo o tempo colado ao corpo de um dos pais ou de outra pessoa da tribo. Deixar um bebê sozinho muito tempo ou dormindo separado dos pais é considerado abuso infantil por essas pessoas.

E diante de todas as questões da paternidade no ocidente, os altos índices de abandono e terceirização dos cuidados dos filhos, este povo ensina uma lição que pode ser útil e libertária para a experiência masculina e a paternidade moderna.

Segundo a tradição baka, as crianças são preciosas e tem sorte quem pode criar e cuidar de alguém. A ideia da criança como fardo é incompreensível para o povo da floresta. Para eles, as crianças são energia, vida, força e união comunitária, pois como bem dizem o ditado Igbos, é preciso toda uma tribo para criar uma criança. 

Os bakas dividem seu tempo entre a busca pela subsistência na cidade e a sobrevivência da sua cultura na floresta contra o avanço do ocidente, a chegada de novas doenças e a falta de cuidados médicos. Se as coisas continuarem como estão, em breve eles perderão sua humanidade e se afastarão de suas tradições. Talvez em breve eles viverão com nós.

E o aprendizado que fica é que os responsáveis pelas crianças, principalmente os pais, possam oferecer sua presença, amor, carinho aos seus filhos. Que nossas crianças pretas possam contar com o mamilo de seus pais.


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Repensando a paternidade