O Racismo Econômico


Nem comunismo, nem socialismo e muito menos capitalismo. O sistema econômico brasileiro é o racismo econômico

Por Luanna Teofillo

“Nem comunismo nem capitalismo, o sistema econômico brasileiro é o Racismo Econômico”. Foi assim que comecei a apresentar a minha tese de economia no Fórum Diversifique organizado por Alexandra Loras no Teatro Santander no último mês de novembro.

Racismo Economico
Luanna Teofillo, Fórum Diversifique


A hipótese nasceu de estudos sobre o desenvolvimento econômico e social brasileiro através da obra de Jesse Souza e com o apoio de pensadores como Silvio Luiz de Almeida, Thomas Piketty e Steven Pinker. Da observação, um questionamento acerca ao mercado brasileiro: por que a realidade brasileira não muda? Por que mesmo diante de dados e fatos sobre racismo, inclusão e diversidades as empresas brasileiras continuam sendo centro de práticas de discriminação sistemática e como isso afeta a economia?

A população negra movimenta mais de 1,6 trilhões de reais e já demonstrou seu poder de compra e de transformação social. Profissionais pretos estão prontos para entregar seu melhor para empresas que terão 33% a mais de chance de crescer se tiver mais negros em seu quadro de funcionários. Então por que todos os dias clientes são impedidos de adquirir produtos e serviços, empresas pretas não conseguem financiamentos e produtos bancários, empresas não contratam profissionais pretos em seus postos de decisão?

Se uma empresa no sistema capitalista tivesse a oportunidade de ganhar mais dinheiro, por que não faria?

Capitalistas que não querem ganhar dinheiro


No final do século XIX quando o mercantilismo dava espaço a um recente capitalismo de mercado, cedendo a luta de resistência preta e recebendo pressão do mercado internacional, a resposta do Brasil para a demanda do comércio mundial por novos consumidores foi o chamado por mim como "Racismo Econômico", um sistema ideológico racista entranhado por um sistema econômico.

Diferente do capitalismo onde o capital é o grande valor e sua acumulação o objetivo principal, no Racismo Econômico brasileiro o grande valor é praticar o racismo e manter a diferença racial através de decisões e escolhas primeiramente racistas e secundariamente econômicas.

Dentro da lógica do Racismo Econômico brasileiro, a máxima de Silvio Luis de Almeida sobre a necessidade constante perante da branquitude de afirmar a condição material da desigualdade social atravessa todos os aspectos do processo de produção de bens e riquezas a ponto de ser inerente a ele e tomar o lugar do capital como propósito principal.

O Racismo Econômico é uma inversão dos valores capitalistas onde qualquer escolha racista se sobressai a uma escolha puramente capitalista. Para comprovar a validade desta hipótese, basta observar a sociedade e mercado de trabalho. Note que os meios de produção pertecem a casta social dos brancos há 500 anos, causando subdesenvolvimento econômico para a população preta impedida por lei de ter propriedades por quase um século, fora os outros três séculos de fornecimento de mão de obra gratuita para a mesma casta dos brancos. Que capitalismo poderia ser este sem propriedade privada, livre iniciativa, livre mercado e consumidores?

A ideologia que acompanha essas práticas econômicas e leis seguem a lógica da discriminação racial em detrimento do verdadeiro interesse pelo capital. No Racismo Econômico, ganhar dinheiro é apenas um resultado de ser racista, sendo menos importante que este.

Esta tese, meu principal objeto de estudo, vem como uma hipótese para explicar qual a lógica que permeia a cabeça de um comerciante que não ganha dinheiro por não atender um cliente preto, ou das empresas reiteradamente não contratarem profissionais pretos, ou a razão porque empresas não respondem as demandas de consumo da metade da população brasileira.

Nem de ganhar dinheiro o racista brasileiro gosta.


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