6 melhores séries sobre privilégio branco

As melhores séries sobre pessoas brancas usando seus privilégios



6 melhores séries sobre privilégio branco

Dia eu desses estava numa rodinha  entre amigos falando sobre séries. Alguns falavam sobre Dear White People e os desdobramentos do branquismo. Outros faziam comparações entre Ela Quer Tudo a série e o filme obra prima de Spike Lee. Uma amiga estava apreensiva com o desenrolar de Insecure e as mais devotas de Shonda Rimes vibravam com o encontro de Olivia PopeAnnalise Keating , considerado o maior crossover da década. Eu não havia visto nenhuma daquelas séries e foi aí que me dei conta de algo que jamais havia pensado: eu só assisto série de privilégio branco.


Literalmente. Não sei se Keeping Up With The Kardashians está classificada como como série de preto (brinks!) mas o fato é que eu tenho dedicado os últimos anos da minha vida  a assistir séries sobre como pessoas brancas usam seus privilégios para alcançar seus objetivos.

A questão é que eu gosto de bons roteiros, e brancos têm tantos tipos de privilégio sociais e são tão protegidos em sua performance que é possível criar enredos mirabolantes cheios de crimes, trapaça e corrupção, estender por temporadas e ainda ser verossímil.  Tipo, numa série realista, um personagem branco pode cometer muito mais crimes antes de ser preso ou assassinado que um preto, entende? Daí a grande possibilidade da abertura narrativa, pois se de um lado você pode colocar um branco para fazer tudo o de mais reprovável ou improvável, por outro é possível criar um enredo onde essas ações são aceitas e fazem sentido em acordo com a realidade.

As tramas que estão classificadas como dramas, político, comédia, negócios,  nada mais são do que pessoas brancas usando seus privilégios para cometer todo tipo de crime, ação anti-social ou improvável através de roteiros incríveis e atuações memoráveis. E esta é a lista das minhas 6 séries preferidas sobre privilégio branco.


Este post contém spoilers, se ainda não viu as séries e pretende ver, não continue lendo



Painel BAP


Bloodline


Série Bloodline

A história sobre uma família tradicional de uma determinada região na Florida onde possuem uma pousada. Trata-se de uma família influente mas com muitos segredos. A princípio você pensa que é apenas uma família americana próspera mas logo percebe que eles são brancos e o sistema está pronto estruturalmente para os proteger e garantir que alcancem seus objetivos custe o que custar.

Em uma das cenas mais clássicas entre as séries de privilégio branco, um dos irmão macho-alfa comete um crime e vai se entregar na delegacia. Mesmo confessando e mostrando provas de que era culpado, o delegado não aceita que ele se entregue. Grande cena que transmite bem sobre o que se trata o privilégio de cor e classe social.

Enquanto isso, pessoas pretas inocentes são presas todos os dias, mas é pelo roteiro surpreendente que está é a minha série preferida de privilégio branco.

Suits




Até o lançamento de Bloodline, Suits era minha série de privilégio branco preferida. Fala sobre um cara superdotado que consegue um emprego como associado em um grande escritório de advocacia. Note o nível do privilégio começando pelo fato de Mike Ross ter recebido o convite para trabalhar lá e pior sem ser um advogado, o que faz com que todo o escritório se torne autor de crime federal por permitir que alguém advogue sem a licença do Estado.

Como branco que é, Mike tem todo tipo de oportunidade de manter sua mentira e continuar cometendo crimes enquanto se diverte trabalhando com Harvey Specter, o macho-delta americano. O privilégio se concretiza e chega ao seu esplendor quando Mike, depois de tudo o que fez, ter prejudicado o escritório,  ter sido preso, é aceito no Barr, que seria a OAB de lá, e sem fazer a prova recebe permissão para trabalhar como advogado em Nova York. Chupa!



Breaking Bad



Maravilha da humanidade, Breaking Bad foi uma das primeiras séries a reinaugurar o segmento de séries sobre privilégio branco, precedida por sucessos como Friends e How I Met Your Mother, e sobre como ser branco permite que você seja um criminoso sem ser importunado por bastante tempo. Quem poderia crer que um professor de química, pai de família, branco seria um traficante de drogas?

Quem assistiu viu uma quantidade de traficantes mexicanos que tinham mais experiência no crime do que ele e morreram muito antes que eles, porque brancos sempre morrem depois. É impressionante na série como Walter White usa a branquitude como uma capa de invisibilidade e nunca morre ou é pego. O seu homem branco-beta, no caso o Jason Pinkerman,  garante e valida sempre que possível seus privilégios para que eles comentam crimes. Até a esposa dele entra na festa, afinal, se você é branca e pode lavar dinheiro sem ser importunada, por que não? Outro destaque é a edição e as rimas visuais da série.

Já no brasil e nos Estados Unidos, a política de encarceramento em massa usa a "suposta" guerra anti-drogas como um plano Estatal desegregação e genocídio de homens pretos.

Osarks




Uma das séries que vem mais se destacando no segmento privilégio branco é produção da Netflix Osarks. Martin Byrne é um contador que usa seus privilégios de homem branco de classe média cristão para lavar dinheiro para traficantes de drogas. Na minha análise, trata-se de uma metáfora da ação maligna do demônio branco como entidade superior  e como pessoas brancas estão sempre praticando ou a ponto de praticar alguma maldade em nome da família ou da sobrevivência em benefício do grande mal.

Esta é uma série de branco-rico X branco-pobre onde se vê claramente o dilema do branco pobre, que por mais tenha os privilégios de cor do branco rico, ao aplicar estes privilégios reforça a estrutura que o oprime enquanto pobre pelo branco-rico que ele apoia. Outro destaque da série são as sinhazinhas ferrenhas, as esposas brancas dos caras brancos que acordam todos os dias para cometer crime atrás de crime. Em nome da família e da propriedade elas são tão cruéis quanto seus maridos e estão dispostas a tudo.


The Office




The Office é há anos minha comfy serie, aquela que eu sempre deixo rolando quando não estou afim de ver outras coisas. É um mockumentary  sobre uma empresa de papel. Michael Scott, o gerente da branch supera todo o imaginável do que o privilégio pode proteger um homem branco medíocre. Em um episódio, a sede da empresa contrata um gerente preto substituir Michael depois de mais uma de suas ações desastrosas. Mais competente e bem formado que Michel, o novo gerente não dura nem um episódio pois tem sua capacidade questionada pelo seu mal-julgamento sobre outros brancos (os considerando mais inteligentes do que realmente são) que trabalham na empresa, e é enviado a outra cidade para que Michael, que já deu inúmeros prejuízos para a empresa, incendiou o escritório, assediou colaboradores, continue trabalhando lá.

Michael Scott é um dos grandes ícones do privilégio branco ao lado do ator branco Fábio Assunção, que não importa o que faça (faltar à gravação, dirigir embriagado, brigar, comprar droga e pagar com cheque), nunca é despedido de seu trabalho. Parece até uma empresa área que foi condenada por racismo e manteve o autor da condenação que gerou uma multa e dinheiro e despediu a vítima e suas testemunhas.

Sex And The City



Menção honrosa  para uma série clássica e uma das minhas preferidas da vida. Não é sobre crimes, assassinato, lavagem de dinheiro nem sobre como ser medíocre no mercado de trabalho e manter seu emprego. Durante anos da minha juventude,  eu acompanhei a vida de Carrie Bradshaw como se fosse a vida de uma mulher jovem profissional em uma cidade grande. Errado. Carrie é branca e vive como tal. Tem todos os privilégios possíveis em sua condição, além de ter estilo e ser muito carismática. Porém, a beleza e talento de Carrie não seriam o suficiente. Pra viver de freela num apartamento pré-guerra em Manhattan só com muita proteção da branquitude.

Depois de muito tempo eu assisti novamente e os episódios onde apareceram os dois únicos personagem pretos da série. Um hipersexualizado para se relacionar com voraz Samantha Jones e outro é um médico lindo que magicamente se apaixona pela desengonçada Miranda. Creio que foram os episódios mais racistas de todas as séries citadas neste artigo em sua construção cheia de estereótipos, mas Sex and the City sempre será uma das minhas séries de privilégios brancos preferidas. Fazer o que?





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