Oito regras de ouro para pessoas brancas que gostam de rap




Oito regras de ouro para pessoas brancas que gostam de rap
Beats Boys



Escrito por Luanna Teofillo, Fundadora e CEO do Painel Bap


Calma! Seus problemas, caros brancos/não-pretos estão prestes a acabar. O blog do siteLAWeekly criou uma lista com as regras que todo branco que ama o movimento hip-hop deve seguir para manter o respeito acima de tudo e o blog Efigenias fez pequena adaptação da tal lista as,  oito regras de ouro para pessoas brancas que gostam de rap.

Diferente de muitas culturas por aí, que nem citaremos o nome, uma das características das culturas negras é a inclusão. Enquanto "eles" sempre fizeram e fazem questão de nos deixar de lado, nossas culturas sempre estiveram de portas abertas para quem ama, tem coração e  entendimento sobre o que é bom nesta vida.

Porém, um dos reflexos do capitalismo e da produção cultural em massa é que algumas vezes o humano acaba curtindo/consumindo um determinado som, mas não sabe muito bem como se comportar corretamente perante os participantes originais de um dado segmento cultural. Às vezes, esse mesmo humano está escutando rap no seu carro, mas não conhece e/ou não respeita a raiz dessa cultura. Sendo o humano uma pessoa branca, o padrão é não resistir e vir com 500 anos de privilégio e apropriação devastando o que encontra pela frente. 




Painel BAP

Como tudo começou...

Justin Bieber, wigga por profissão de fé, ainda um meninote canadense começando a fazer sucesso, foi gravado em video contando piadas racistas. O tempo passou, o JB diz passou pro nosso lado, e alguém lançou a tal fita com intuito de recolher algumas notas de dólar do menino e expor seu racismo de raiz.

Rolê de antes...



Rolê de depois

O que ficou no ar, não foi o fato dele ter contato as piadas. Ora, ele é branco e na cultura branca é normal ter preconceito, quem mais contaria piada de preto se não um branco? O problema que muitos apontaram é que, Bib's diz passou pro nosso lado e a galera do rap defendeu e muito o cara, tipo, ele é branco por fora, mas é preto por dentro agora. Como se por "participar" do hip hop, ele tivesse que ser perdoado por seu racismo, e ter o pano automaticamente passado. Mas será que é bem assim? Para evitar esse tipo de problema, que o site descreve como racista, idiota e babaca, eis a lista:

1 - Ao cantar uma canção de rap, substitua a palavra N* por NINJA

Certíssima


Essa vai para todos os humanos. O rap já caiu na roubada linguística de se reapropriar deste termo nascido diretamente nas entranhas do inferno,agora temos que ouvir caras brancos falando isso de forma natural? NÃO! Chega de N*, eis a era dos Ninjas, que de longe é ruim, mas de perto é menos pior.


To all my ninjas in tha house, make some noise!


2 - Não pense/diga que as pessoas do rap não gostam de você porque você é branco


Imagem de branca fazendo branquice


Se as pessoas pretas do rap não gostam de você pode ser por vários motivos. Entenda: é obvio que depois de mais de 500 anos de violência dos brancos contra os pretos, o racismo é estrutural e se expressa em todos os aspectos sociais. Claro que tem gente que não gosta muito de ver playboys cantando as histórias da periferia como se fossem suas próprias histórias, mas relaxa. Não tem essa de falar: "Ah, se eu for no Capão Redondo vão me discriminar porque eu sou branco". Não, não vão. Já um preto em Higienópolis provavelmente não terá a mesma sorte... 


Tá em dúvida se você é branco ou não? Clique aqui para saber

3 - Assuma que você gosta do que você gosta

Seja funk, rap, samba, para com esse papinho de ficar se desculpando, ou explicando que você gosta desse ou daquele tipo de música. Para. Escuta o som que você gosta e fica na sua. E aquela velha história de "sou negão porque escuto música de preto" também não cola mais. Somente pare e melhore.
 

                                                                           Rindo Muito. Melhorem!


4 - Ao dizer o nome de um artista do rap, fale como uma pessoa que não faz parte do movimento, mas que gosta do som, deve falar

 
                                          Mano Brown não é seu amigo porque você é branco e ouve rap


No LA Weekly, o autor branco do texto que deu origem a este artigousou o exemplo da Lil Kim, que deve ser chamada por brancos de Little Kim e o Masta P pra eles sempre será Master P. No Brasil, o mesmo se aplica ao Mano Brown. Não vem dar uma de íntimo e chamá-lo de Brown. Mano Brown, ele não é seu amigo e nunca será.

5 - Não fale gírias que não fazem parte da sua cultura de origem


Não há nada mais insuportável do que branks querendo dar uma de mano. Cosplay de cria não dá pra aturar. Você fala assim com sua tia? Você fala assim com seu chefe? Então porque quando você está na balada black fica tentando se integrar usando gírias do tipo "minha goma lá na Vila Madalena", "Meu truta cirurgião dentista" e coisas do gênero? Comunique-se normalmente, todo mundo vai te entender. Falar gírias não vai esconder o fato de você ser branco.


6 - Não gagueje ou fique nervoso ao falar de rap


Não me diga como ser branca, vadia

É continuação da anterior. Fica na sua, fale da sua realidade ou não fale nada. Claro que é importante ter empatia pelo o que acontece com outros seres humanos e que os motiva a escrever poesias sobre histórias de sofrimento e superação, mas assim, não adianta nada falar que na quebrada o barato é louco e que todos são manos e depois tratar a funcionária como um colonizador genocida.


Alguma dúvida que ele ouve rap?


7 - Não use termos racialmente carregados

Para se chegar no nível de conciência em que pode se referir ou usar como vocativo palavras que descrevem cor ou etnia, tem que ralar muito. Pra que cair na roubada de ter que se explicar caso alguém não saiba que você acha que tem o direito de chamar sei lá quem de nego ou de preto só porque você comprou o último CD do Criolo? Lembre-se, o racismo existe e vem da sua parte, então reflita e evita


8 - Não faça nada que você não tenha habilidade suficiente para fazer


Que surpresa que brancos não gostam que digam o que eles devem ou não fazer

Isso inclui beat box, sambar, tocar jazz, rimar, fazer grafite, samba abstrato e principalmente enterrar. Claro que o aprendizado é importante, que você não deve desistir e que há espaço para todo mundo nessa vida, mas assim, pra que se expor? Treine bastante, aprenda com quem sabe mais do que você e depois caia pra pista, beleza? Não vem dar uma de malaco na roda de break sem saber.





:: Efigenias ::

Don't cry my wiggas