Incluíndo fora


Hollywood tem espaço para todos?


Daí que a Gabourey  Sidibe concorreu ao Oscar de Melhor Atriz neste ano pelo seu papel no filme épico Precious, baseado no romance da escritora americana Saphire. Gabourey Sidibe é uma estudante de psicologia, atriz, preta e gorda.

Cinderela do sonho americano, o auge do espírito do Yes We Can, após sua atuação magistral no filme e sua entrada no show business pela porta da frente muita polêmica já gira em torno do seu nome: é possível que uma mulher obesa tenha verdadeiro espaço em Hollywood? Que papéis ela poderia fazer?

Os  ferozes e notoriamente mal-amados radialistas Howard Stein e sua companheira de programa Robin destilaram palavras de ódio e desprezo contra Gabourey. "É um mal exemplo!", gritaram eles, no auge de sua fúria. Contritos, sentiram pena dela e das pessoas que fingem que uma garota de quase 200 kilos possa fazer parte do mundo das celebridades. Tsc, tsc, tsc.



Os Estados Unidos vivem a contraditória epidemia da obesidade. Enquanto milhões de pessoas em todo o mundo morrem de fome e outros milhões sofrem para alcançar o padrão de beleza magro imposto pela mídia e a sociedade, parece que muitos no país das oportunidades não querem ver frente a frente uma mulher gorda, afro-americana que vai a universidade, tem amigos, amores e fotografa divina nos red carpets da vida.  Como se no país onde 6 em cada 10 pessoas são obesas,  pessoas como ela não existissem na vida real. Até o blogueiro Perez Hilton andou criticando o sobrepeso de Gabe, segundo ele porque se preocupa com sua saúde, mas cá pra nós, eu duvido um pouco que essas críticas venham mesmo da preocupação com a saúde dela (inclusive o laureado blogueiro Perez Hilton já fez e por um bom tempo, parte do grupo dos gordos). Talvez seja porque é fácil falar de inclusão, de combate aos padrões sociais de beleza, mas ver no spotlight brilhando sejaum pouco mais complicado. "É a quebra da ordem social!" , bradariam conservadores pouco conformados.  Parece que para essas pessoas, longe do gueto onde deixamos os excluídos existirem, a imagem do diferente  choca, descontextualiza todo o discurso de inclusão e traz à tona a mais bem guardada  hipocrisia.

Se Gabe  vai ser mais do que a Precious ou se os roteiristas escreverão papéis para ela, só tempo dirá, mas já vemos sinais de que ela é muito mais que isso e tem muito talento para mostrar, assim como todas as pessoas, independente da condição, situação, formação ou deformação física.

Quem limita as pessoas realmente não tem idéia do que significa a palavra ARTE.







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